A Cara por trás das marcas
"Rui Tati quer levar a cortiça mais longe"
11.08.2017 Catarina Lamelas Moura
O empresário angolano comprou a Pelcor no final de 2016 e quer alargar o leque de produtos da marca de cortiça, criada em 2003.
“Ainda voo”, provoca Rui Tati, “mas é entre a Cidade do Cabo, Lisboa e o resto do mundo” e como passageiro. “Piloto de profissão”, o empresário angolano passou ao longo dos anos por áreas tão distintas como o imobiliário, petróleo e gás (ajudou a fundar a GE-GLS Oil & Gas Angola), marketing (na Heineken e Coca-Cola) e obras públicas. Em 2016, comprou a Mol, My Own Label, Lda, empresa detentora da marca de acessórios de cortiça Pelcor, tornando-se CEO da mesma.
O empresário quer alargar o leque de produtos da Pelcor – uma questão que reforça repetidamente, citando exemplos práticos como a linha de sapatos que vão lançar nos próximos meses – e olha para a marca como uma aposta no futuro em que se quer, cada vez mais, a opção de materiais sustentáveis, como é o caso da cortiça.
O primeiro contacto com a Pelcor deu-se em 2015, quando soube que “havia espaço para um potencial investidor”, através de um amigo em comum com a então detentora e fundadora da marca Sandra Correia. No final desse ano adquiriu 40% das acções. “Achei que aquilo que estava a ser feito já era muito bom, mas havia margem para fazer mais”, conta.
A empresa precisava na altura de alguma injecção de capital. “A estrutura que existia até o ano passado tinha algumas restrições a nível de investimento nos produtos”, explica o empresário. “Foi por este motivo que eu investi, para tornar a marca rentável e potencializar a oportunidade”.
Rui Tati quer afirmar, cada vez mais, a Pelcor como uma “lifestyle brand” – um percurso que já vinha a ser construído de trás. Por outras palavras, quer explorar novas categorias de produto, tornando a Pelcor uma marca mais abrangente. “Podemos provar ao mundo que a cortiça tem muito mais para dar do que o que tem sido até hoje: a rolha e algumas malas”, afirma. Esse universo, continua, inclui, por exemplo, produtos que misturam a cortiça com outros materiais – como é o caso das peças de inspiração africana misturadas com algodão. As linhas Corky by Pelcor (para animais de estimação) e Home by Pelcor (com artigos de decoração), os acessórios de equipamentos electrónicos, sapatos de homem e mulher, os novos sabonetes esfoliante e os bonés são alguns outros exemplos.
Mas é com o design, assegura Tati, que a Pelcor se pode destacar da restante oferta de produtos derivados da cortiça. Hoje em dia há dezenas de lojas de souvenirs e mercados com peças de cortiça baratas. A Pelcor, por outro lado, afirma-se como uma marca de luxo.
A empresa teve durante anos Eduarda Abbondanza – directora da ModaLisboa – ao leme da direcção criativa. Sobre a sua saída, Tati diz ter sido “uma escolha pessoal”. De certa forma, “temos um pedaço da Eduarda dentro da casa”, comenta, referindo-se à actual head designer da marca, Marta Lemos, que foi “formada” pela mesma.
A marca começou este ano a explorar as parcerias com universidades portuguesas. No início de Agosto anunciou os vencedores de um concurso de Design estabelecido com os alunos da Universidade de Évora. Entre os 83 projectos desenvolvidos – que visavam "criar um produto inovador, que explorasse o potencial da cortiça, de forma a complementar a linha Home by Pelcor” – foi o de Inês Gonçalves que se destacou. Deverá ser colocado à venda no início de 2018.
De 2015 para 2016, o crescimento da empresa esteve na ordem dos 15% a 17%, aponta Rui Tati. Até ao final de 2017, conta atingir um milhão de euros em vendas anuais.
A aposta de comercialização passa, sobretudo, pelos canais de distribuição online e na presença em lojas de multimarca – em paralelo com a internacionalização da marca. Neste momento, estão presentes em alguns pontos de venda em Angola e Croácia, exemplifica Rui Tati. “Acho que existe um conh dança para os valores ecológicos é maior lá fora”, indica. Ao mesmo tempo, o empresário defende que a abertura de mais lojas – além daquela que existe actualmente no Príncipe Real, em Lisboa – é uma última opção, pois “o comércio em si, hoje em dia, tem uma outra dinâmica”.
“A Pelcor foi até aos últimos meses uma marca de acessórios em cortiça, principalmente focada em artigo para senhora”, diz Rui Tati. “Queremos que alguém entre pela nossa loja – física e online – e que possa identificar várias opções”, continua, inclusive “produtos para uma família [inteira]”.
Fonte: Público
Entrevista:Catarina Mamelas Moura